quarta-feira, 11 de junho de 2014

A volta de Bakuman

Dois anos atrás eu li Bakuman inteiro. Eu estava em uma vibe de ler mangás, li todo o Death Note e parti para o Bakuman. (falei sobre isso nesse post aqui)

Ontem eu vi o Cassius Medauar anunciando que a JBC vai relançar nas bancas Bakuman então sou obrigado a retomar o assunto.

Vou te garantir de olhos fechados que esse não é o melhor mangá que existe, mas o mangá que eu mais gostei de ler até hoje (nem sempre qualidade técnica, roteiro com estofo e clamor da crítica garantem que você vai se divertir lendo algo só porque ele é "excelente")

Bakuman é algo muito improvável, é a história de dois garotos, trancados em um estúdio 18 horas por dia, sete dias por semana, fazendo mangás.

Falando assim é muito difícil de convencer então você vai ter que aceitar minha palavra de que isso aí, exatamente isso, sem nada a mais, virou uma história extremamente emocionante e cheia de ação, tensão, ganchos que te prendem a cada final de capítulo.

A inevitável questão da metalinguagem também é muito interessante, a busca dos garotos pelo mangá perfeito que seja sucesso de público, as experiências deles na HQ que eles estão construindo são aplicadas e testadas diretamente no leitor de Bakuman, então, mesmo sem ler as histórias que eles criam, você enquanto leitor tem a sensação que os garotos mangakas querem passar.

Fora que o desenho da HQ é muito bom, muito dinâmico e se aprende muito sobre o processo de produção de um mangá seriado na história, eu mesmo aprendi coisas que eu nunca imaginava sobre como era feito um mangá, uma lógica totalmente diferente da estrutura de produção americana ou européia.

Tenho duas memórias muito fortes sobre Bakuman, uma é uma cena em que um dos garotos se reúne com o pessoal da classe dele e todos pensam que ele vive uma vida de luxos que se espera que os "artistas" tenham e todos se chocam quando descobrem o quanto ele trabalha para conseguir fazer uma HQ. 

Outra é uma cena da primeira edição que eu gosto de citar sempre para lembrar que é necessário sim fazer concessões culturais caso se queira se divertir com um mangá. Você tem que entender que é uma cultura diferente, com uma lógica diferente e muitas coisas que sob a nossa óptica são machistas, pra eles é normal. Então você precisa relaxar, não ver a HQ como um panfleto político-social (não é intensão dos autores, eles só querem fazer algo que moleques japoneses gostem e se relacionem), pois se não fizer isso você vai desistir logo na primeira história e deixar de ler uma grande HQ. 

A cena que eu me refiro é uma conversa entre o pai e a mãe de um dos garotos mangakas. A mãe tinha certeza que o pai não aprovaria a decisão do filho de ser desenhista mas o pai aprova e lança a seguinte frase: "Os homens tem sonhos que as mulheres não compreendem."

Então é isso, não dá pra ler sem fazer concessões, não dá pra querer olhar o romantismo dos personagens da história sob a nossa óptica ocidental, mas também não pode ser isso que vai te impedir de ler uma boa história. 





Um comentário:

  1. Bakuman é umas das melhores históas que já li também :D

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