terça-feira, 14 de julho de 2015

Sandman - Balanço Geral

Com algumas décadas de atraso terminei de ler Sandman. 

É uma pena que não foi tão satisfatório quanto eu esperava. 

Já falei aqui sobre isso, que talvez se eu tivesse lido na época que saiu, adolescente e tal, teria adorado e me juntaria ao coro daqueles que falam que é a melhor HQ de todos os tempos. 

Eu gostei de algumas coisas em Sandman sim, a história principal sobre o sonho é muito boa. Daí os capítulos que são de história mesmo são oks, como Prelúdios e Noturnos, Casa de Bonecas, Jogo de Você, Vidas Breves e Entes queridos. Todos esses que focam na história do Morpheus, sua prisão, seu retorno e o eventual final são ótimo.

Agora os contos me cansaram demais, Terra dos Sonhos, Espelhos distantes, Fins dos Mundos e o próprio Despertar são bem desnecessários.

O maior problema é que Sandman é antiquado, tem muito texto, muitas coisas chatas e um desenho pavoroso na maior parte da história (melhora bem nos dois últimos arcos, mas até lá... é sofrido).

Fora isso Sandman é tão didático que quase parece subestimar o leitor. 

Veja o Corintio, por exemplo. É um personagem legal, com um design legal (aliás todos os design de todos os personagens são tão bons que quase salvam os desenhistas medianos para fracos), mas a função dele é puramente didática. 

O Corintio é "descriado" pelo Sandman e só resta o crânio dele. Depois ele é recriado com o crânio original. E passa-se um arco inteiro mostrando que, por ter a essência do original, ele tem as memórias do original, mas não é ele. Ele ao mesmo tempo é o Corintio original e não é, porque ele tem uma personalidade própria. 

Isso tudo é a explicação detalhada do que acontece com o próprio Sonho. Tudo beeeeem explicadinho para ninguém ter dúvida do que aconteceu. 

Outro exemplo claro do didatismo é a história que fecha a série, sobre o Shakespeare. A história toda é feita para dizer ao leitor: veja, Sandman é inspirado na Tempestade.

Isso faz Sandman ser daquelas histórias feitas para o leitor médio se sentir inteligente. 

Óbvio, tem coisas muito piores para se ler. óbvio, Sandman ainda é melhor que 90% do mainstream americano, mas não é tudo isso, não é a melhor história de todos os tempos.

A importância de Sandman é e sempre será mais contextual a época e a revolução cultural que ele provocou no meio da indústria dos quadrinhos americanos do que a sua qualidade em si.












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